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Quando eu saía para a rua minha mãe dizia
Para não dar atenção a quem não conheço.
Não são tão estranhos os anônimos da rua
Quanto aquele que me olha do espelho...
Ele está sempre refletindo sobre minha vida,
E não perde tempo para me dar um conselho

​

Atravessei a barreira das tolices da mente
Para ver como minha outra metade vivia.
Vi que sou mais mau que me imaginava,
E não sou tão bom quanto eu gostaria.
Contradigo minhas próprias convicções,
Preso em diferentes níveis de hipocrisia

​

E ainda consigo ver graça em tudo isso,
Ele sempre se une à mim em minha filosofia

​

(...)

​

Quando saio para a rua mamãe me diz
Que não devo falar com quem não conheço.

​

Então não deveria falar sozinho...
Às vezes sou um estranho para mim mesmo

Não Devo Falar com Estranhos

Por onde será que anda ela?
A megera do fim de tarde
Que de lutas e pelejas carnais
Possui sua pele macia suada.
Por onde será que anda ela?
A prostituta assexuada

​

Por onde será que ela anda?
A amante da poligamia.
Que está sempre disposta a jurar
Três diferentes amores eternos por dia.
Ah, por onde será que anda
A atração principal da orgia?

​

Me diga, onde posso encontrar.
Onde está esse pedaço de tentação?
Para ouvir suas falsas juras de amor
Lhe gratificarei até não sobrar um tostão

KENGA

Acho melhor mirar e atirar.
Acho melhor acertar pra matar.
Não terei uma segunda chance
É melhor seguir adiante

​

Como eu já disse, o tempo não para
Como eu já disse, o momento acaba
Não perco tempo meu amigo
Poupo-me de poupar bala

​

Eu sei, tu sabes, e ele saberá,
Que a intenção é ferir,
Causar dor, machucar.
O certo é mirar e jogar.
É bom acertar para matar.

​

Lhe faço um favor,
Livro-lhe disso.
Faço a dor acabar

Atirar Primeiro

Chego sem ser convidado,
E vou sem nunca dizer adeus.
Tenho apenas minhas escolhas,
Preocupo só com o que é meu
Com as coisas que conquistei,
As coisas que o tempo me deu

​

Venho sem ser convidado,
Vou embora sem me despedir.
Tão repentino posso aparecer,
Quanto repentino posso sumir.
Mas mesmo que eu seja rápido,
Minha visita ainda lhe faz sorrir

​

Acha que tem direito de ir e vir?
Isso não é válido para você.
Afinal, você sempre quer partir,
Mas tem algo para te conter.
Alguma coisa que lhe imponha
O contrário do que quer fazer

​

Eu, por outro lado, viajo sempre.
Sou dono da minha vontade.
A nada que existe sou submisso,
Conheço bem a real liberdade

​

Não há o que me prenda aqui,
Se não você me pedir para ficar.
Mas chegou minha hora de partir,
Sem certeza de quando vou voltar

​

Serei sempre este cometa errante,
Tudo que há no universo, eu vejo.
Passo aqui muito de vez em quando,
E sequer lhe concedo um desejo

Estrela Cadente

Considerando as chances de fracasso
De meus sonhos tolos e desesperados,
Procuro refúgio em recantos distantes,
Perdido entre pensamentos vacilantes
(...)
Fico então em existência dispensável,
E sem fazer questão de existir ou não
(...)
Faço de mim mesmo algo reciclável,
Vendendo-me sem boa compensação
(...)
Refazem em mim o que é apalpável...
Mas podem eles mudar meu coração?
(...)
Estou velho demais para o que é novo,
Mas estou novo demais para o que virá.
Em meu retiro durmo apenas para sonhar
Com um futuro que não vou ver chegar

Ferro Velho

Foram setenta mil watts.
Foi um desastre completo.
Aquela explosão destruiu
Tudo que estava por perto

​

E quanto a toda aquela fiação?
Não estava muito bem planejada?
Pensei que a reação para a ação
Havia sido muito bem calculada

​

Malditos são os erros de cálculos,
Sempre resultam perfeitos desastres.
Coisas desnecessárias energizando
Fez todo o laboratório ir pelos ares

Curto Circuito

Mais poemas em breve!

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